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KONYA E CAPADÓCIA


É um longo caminho pela região da Anatólia Central, passando pela província de Konya , para se chegar onde está a Capadócia, mas graças à nossa guia a viagem foi bastante agradável e instrutiva: de aula de turco a história da Turquia, islamismo, dervixes e, claro, muita música turca. 
Veja a região da Anatólia Central no mapa abaixo (para ampliar clique no mapa)

Numa das paradas no caminho, tivemos a oportunidade de provar um prato típico da região que é iogurte com mel e semente de papoula, acompanhado do gostoso chá de maçã. Diferente e delicioso!


Desde 1883 nessa região a plantação de papoulas é legalizada, os campos são visíveis e próximos das estações de controle do governo. 


Desta linda flor são extraídas as sementes, utilizadas na culinária, e o leite viscoso branco, o ópio, que serve para fabricação de medicamentos, como a morfina (Roche e Abbott são as principais indústrias farmacêuticas). Na Turquia, no mes de julho, se colhe o leite dos bulbos das flores à noite para não escurecer com o sol, pois caso contrário endurece e pode ser processado para produção da heroína. Para impedir que a droga seja produzida, o governo controla a venda dos bulbos das plantas assim como tem um rígido mapeamento da produção e venda de todos os agricultores e uma fiscalização constante de todas as áreas plantadas. 

KONIA

Uma parada obrigatória e interessante é a cidade de Konya, onde está o Museu Mevlana e a tumba de Jalal ad-Din Muhammad Rumi, um místico sufi também conhecido como Mevlâna, ou Rumi. Ele foi um filósofo que nasceu no Afeganistão e fundou a ordem que leva seu nome. Ele morreu nesta cidade em 1273 e sua tumba é do século XVI.


Seguidores de Mevlana difundiram a Ordem Mevlana do sufismo, que prega a tolerância, a compreensão e a misericórdia. Os dervixes, membros do sufismo, também chamados de sufis ou sufistas, procuram uma relação direta com Deus por meio de cânticos, músicas e danças, o que os fazem exóticos e interessantes. 


O sufismo ensina uma coisa muito prática e interessante: quando o homem fica calmo ele consegue resolver todos os seus problemas. E está é uma das características dos dervixes, membros da ordem, que praticam uma espécie de dança rodopiante como forma de meditação para se ligar a Deus. 


A dança acontece em uma cerimônia (sema) em que, por meio de uma concentração incomum, os dervixes rodopiam no próprio eixo por volta de 10 minutos e, ao terminarem, voltam a andar normalmente até recomeçar. Este ritual se repete por quatro vezes durante 1 hora. Ao rodar, os dervixes projetam uma mão virada para cima e a outra para baixo, simbolizando a bênção do céu e a comunicação com a terra.  Neste video pode-se ver um trecho dessa cerimônia. Os verdadeiros dervixes se sentem voando e não rodopiando, e sua concentração impede que eles sintam tontura e caiam no chão, mas são poucos os que conseguem fazer isso por muito tempo. 


Konya é a cidade mais religiosa da Turquia e a pátria do Sufismo. Uma vez ao ano, em meados de Novembro, dervixes de todo mundo, inclusive brasileiros, se reúnem em Konya para uma grande celebração. Nossa guia nos contou um fato histórico protagonizado por uma baiana que inovou nas vestimentas usuais ao participar com roupas coloridas ao invés do tradicional traje branco. Desde então, muitos dervixes no mundo adotaram o uso de cores. Quem quiser assistir ao espetáculo anual dos dervixes tem de fazer a reserva com muitos meses de antecedência. 


O Museu Mevlana abriga o Mausoléu de Mevlana, assim como o de seu pai, além de tapetes, manuscritos, instrumentos musicais e uma coleção incrível de belas cópias do alcorão. Infelizmente é proibido tirar fotos no seu interior.  Na parte externa encontra-se um interessante cemitério onde estão enterrados vários seguidores da ordem. Em suas lápides existem inscrições e a representação de característico chapéu utilizado por esses dervixes.


Konya é a principal e maior cidade da região, com mais de 2 milhões de habitantes, e a população mais tradicional de toda a Turquia. Em suas terras são produzidos 90% de todo trigo e uma importante fábrica de aviões também está no local. Isso me fez pensar: Mevlana criou o giro como forma de meditação para conseguir “voar” até Deus, e na atualidade uma importante fábrica de aviões da Turquia foi construída ali. Estranha coincidência esse dom de voar!   

CAPADÓCIA


Chegamos a noite na Capadócia e nos hospedamos no Dinler Hotel que fica em Ürgüp. Não foi um daqueles hotéis característicos da Capadócia, como que escavados nas pedras, e onde você se sente morando numa caverna. Em geral esses hotéis são muito caros, exclusivos, e essa opção vai depender do seu objetivo na viagem. Para nós esse hotel que ficamos serviu muito bem às nossas necessidades. 

Após o jantar nossa guia sugeriu que fôssemos a um show de danças turcas típicas, que acontece no Harmandali Restaurant , em Nevsehir na Capadócia.

O lugar é interessante, parece uma caverna típica da Capadócia. Você pode jantar ou apenas assistir ao show.




De início achei o show cansativo pois se limitava a várias danças de pouco interesse e repetitivas: passos de roda com roupas brilhantes e simples, onde os homens e mulheres (magérrimas) se revezam nas rodas. Mas eis que entra em cena uma dançarina  que  se apresenta sozinha em 3 atos: faz o giro sufi (dança religiosa) e depois executa a dança dos sete véus e a dança cigana turca (foto abaixo). Sensacional! 




Algo nela chamou minha atenção. Ela tinha um corpo mais bonito que as demais dançarinas e mexia sensualmente os quadris. Descobrimos o segredo: era brasileira!  

Uma pequena amostra da dança de Clara que assisti está neste vídeo: 


Definitivamente ela foi o ponto alto do show folclórico e sua versão do ritual dos dervixes, foi realmente incrível, mas não consegui filmar porque a bateria da máquina acabou. Por isso peguei emprestado do Youtube esse video que mostra Clara nessa dança: veja aqui

Essa brasileira de coração turco tem uma história muito interessante. Veja nesta reportagem 


Uma curiosidade!
Durante uma pesquisa de campo para a novela “Salve Jorge” da Rede Globo,  a autora Glória Perez conheceu a brasileira Maria Clara neste show de dança típica. Esse encontro inspirou a criação da personagem Bianca, interpretada por Cléo Pires.  A bailarina também virou professora de dança do elenco e participou das gravações contracenando com o ator Domingos Montagner, que interpreta Zyah, o guia turístico pelo qual Bianca se apaixona.


Além das apresentações diárias no Harmandali Restaurant, Maria Clara dá aulas gratuitas de dança para crianças turcas e oferece aulas de dança do ventre e roman dance (dança cigana turca) para mulheres de todas as idades. Mais uma dica para turistas brasileiras! E quando vem ao Brasil ela faz workshops em várias cidades. Veja a programação no seu site oficial.

Voltando ao o show folclórico, no final da apresentação o DJ atacou de “Macarena e continuou com "YMCA", "I will Survive" ...difícil agüentar! Mas como toda viagem tem seu “mico”, até que foi divertido e eu não tinha do que reclamar, afinal estávamos na Capadócia, e não é possível alguém ficar de mau humor ao se dar conta disso: sorte minha que estava lá!


Um comentário:

  1. Ane Maria Bourdoukan22 de março de 2015 às 21:39

    Estive em Capadócia,é uma cidade muito interessante,mas a dança dos

    Dervixes é algo divino pois eles ficam rodando alguns minutos e não ficam

    tontos,não é facíl,adorei,viva a Turquia e Capadócia,não deixem de ir.

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