SERRA GAÚCHA - PARTE 2: CÂNION, SÃO FRANCISCO DE PAULA, POUSADA DO ENGENHO, LIVRARIA MIRAGEM, TEMPLO BUDISTA

Na postagem anterior você viu novas dicas sobre os locais mais conhecidos na Serra. Nesse post você vai conhecer outros locais da Serra menos conhecidos, mas maravilhosos, e que valem muito a pena explorar e conhecer.

CÂNION

Quem tiver oportunidade de ficar mais um tempo na Serra Gaúcha não deve deixar de ir até a fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina onde está o maior conjunto de cânions do relevo brasileiro: o Parque Nacional de Aparados da Serra e o Parque Nacional da Serra Geral.

Os cânions desses parque formam vales profundos que assustam não apenas em relação à altura dos paredões, mas pela extensão das formações rochosas de vários quilômetros, percorridos a pé em trilhas fáceis, médias e difíceis. 

No Parque Nacional de Aparados da Serra está o cânion mais turístico, o de Itaimbezinho, cujos paredões chegam a 720 metros de altura. Suas  trilhas, a do Vértice e do Cotovelo, são sinalizadas e protegidas com cercas, na beira dos precipícios. Muito tranqüilo de ser explorado, não precisa de guia.

Cânion Itaimbezinho - foto site Panorâmico

No Parque Nacional da Serra Geral, menos turístico devido à sua falta de estrutura para visitantes, está o fantástico Cânion Fortaleza, mais alto e mais extenso do que o Itaimbezinho. Quem vai pela primeira vez precisa de um guia, especialmente se quiser chegar até a cachoeira do Tigre Preto ou conhecer os cânions mais distantes.

Cânion Fortaleza - foto site Olhares

É melhor visitar os cânions pela manhã, porque à tarde aumentam os riscos de nevoeiro, ou “viração”, como o fenômeno é chamado. Infelizmente tentamos visitar o cânion Fortaleza em fevereiro, mas foi impossível devido à chuva. Com o mau tempo a neblina cobre o cânion e nada pode ser avistado. De maio a agosto, é a melhor época porque a visibilidade melhora, mas vale lembrar que o inverno é bastante rigoroso por lá, então quem planeja a viagem para o verão aproveita melhor as trilhas nos rios e os banhos de cachoeira.

A principal base de apoio para a aventura nos cânions é Cambará do Sul, cidade de 7.000 habitantes, a 180 km de Porto Alegre. Mas a vizinha São Francisco de Paula, que fica próxima a Canela,  também está na rota dos que querem conhecer o lugar.

SÃO FRANCIASCO DE PAULA, OU SIMPLESMENTE, SÃO CHICO

São Chico, como é carinhosamente chamada a cidade de São Francisco de Paula, é a última cidade do roteiro da Região das Hortênsias e de colonização predominantemente portuguesa, e está a 34 km de Canela. 

São Francisco de Paula é um lugar mais rústico, uma cidade simples, onde ainda se pode encontrar o tradicional gaúcho com seus trajes típicos e ver pessoas andando a cavalo em plena avenida principal. 

A infra-estrutura de turismo não é tão grande como a das demais cidades. O forte de São Chico é o turismo campeiro, com a exploração de cachoeiras e trilhas. O município é rico em lagos e cascatas, tem alguns pontos turísticos, mas um dos lugares mais bonitos é o Lago São Bernardo, que é o cartão postal da cidade. O lado é enorme, e suas margens são ajardinadas e cercadas de pinheiros. A  meu ver é muito mais bonito que o famoso Lago Negro de Gramado. 

Localizada a 1000m de altitude, é comum se observar intenso nevoeiro cobrindo São Chico, e no inverno, devido ao clima muito frio, é possível o aparecimento de neve.

A partir de São Francisco de Paula é possível chegar ao Cânion Itaimbézinho e ao Cânion Fortaleza, que estão a 96km da cidade.

A POUSADA DO ENGENHO

Foi em São Francisco de Paula que nos hospedamos em um dos três estabelecimentos gaúchos da Associação de Hotéis Roteiros de Charme: a Pousada do Engenho.

A Pousada é muito agradável, charmosa e romântica.  Seus 12 aconchegantes chalés de madeira, estão distribuídos estrategicamente, em um enorme terreno com mata nativa preservada, de forma a dar privacidade aos hóspedes e perfeito contato com a natureza. 

Os chalés, aparentemente rústicos, são confortáveis e trazem detalhes que fazem a diferença. É possível desfrutar de um bom filme no quarto, seja pelo DVD  ou TV a cabo; ouvir músicas da coleção de CD do hotel; acessar a Internet com sistema wi-fi; olhar o céu estrelado através do teto que se abre (skylight). Todos chalés possuem calefação, lareira, hidromassagem com vista para a mata, travesseiros de plumas de ganso, chinelinhos de lã e roupões de banho.

Os hóspedes podem ainda fazer uso da sala de ginástica, mini-spa, e um agradável centro de lazer.

Na área externa da pousada, ainda encontram-se uma quadra de tenis, uma pequena piscina e solarium. A propriedade tem também pequenas trilhas que levam a alguns recantos especiais.

Ao lado da charmosa recepção encontra-se o restaurante onde é servido o café da manhã e onde os hóspedes também podem desfrutar de refeições de alta qualidade gastronômica.

A Pousada dispõe ainda de parcerias para a realização de diversos passeios de van (Cânions, Vale dos Vinhedos, Cachoeiras, Gramado e Canela, entre outros), a pé (tracking e caminhadas) ou a cavalo (dentro de fazendas da região).

Quando estivemos na pousada em Fevereiro choveu bastante, por isso tivemos tempo para prestar atenção aos pequenos detalhes.

E não podia deixar de agradecer ao presente de aniversário surpresa que nossa filha nos ofereceu: uma massagem relaxante para o casal realizada no spa da pousada, e uma deliciosa cesta de frutas com trufas. Valeu!

LIVRARIA MIRAGEM

E foi na pacata e simples São Chico que conhecemos uma fantástica livraria, a Miragem, que como o nome indica, parace um oasis de cultura e bom gosto no meio da principal avenida da cidade.

Os corredores são espaçosos e os ambientes decorados com esmero, muito charme, e detalhes aconchegantes. Os livros estão por toda parte, ao alcance da mão, e podemos sentar nas namoradeiras para ler ou apenas admirar e observar a criatividade da professora aposentada de História, Luciana Olga Soares, a criadora e mantenedora desse espaço cultural incrível. Não é só uma livraria, mas a materialização do sonho de dona Luciana, uma simpática senhora, adoradora de literatura e protetora dos animais.

Logo na entrada da livraria existe uma homenagem a Carlos Wortmann, primeiro professor da cidade, nomeado em 1903, e nos fundos do pátio interno da livraria, uma réplica do primeiro banco da cidade que funciona como um museu que conta a história da cidade por meio de quadros e objetos. 

Todos os móveis da loja são feitos de madeira de demolição, antes desprezados, e o que era um simples lixo, dona Luciana transformou em 2000 metros quadrados de arte. As crianças que freqüentam o local são privilegiadas pois para elas foi projetada uma sala cheia de livros, brinquedos e um banheiro adaptado. No andar superior há exposição de belos quadros e objetos de decoração. A Casa de Chá complementa o ambiente, convidando-nos a saborear chá, café e apetitosos lanches naturais, feitos com verduras e frutas orgânicas.

A Miragem de Luciana tornou-se atração turística, galeria de exposições, salão de eventos e centro cultural. Essa livraria é mesmo um sonho, o sonho de Luciana, transformado em realidade em sua terra natal, por seu próprio esforço e criatividade. Visita imperdível!

TEMPLO BUDISTA

Acredite ou não, mas existe um templo budista em plena Serra Gaúcha, a 8 km da cidade de Três Coroas, próximo a São Chico. O passeio até o templo vale muito a pena!

É o primeiro Templo construído da forma tradicional no Ocidente. O prédio é uma réplica do Templo de Guru Rinpoche, o grande mestre que levou o Budismo Vajrayana ao Tibete no século VIII. Lá, você encontra um visual inacreditável, muita paz e tranqüilidade. O lugar é chamado de Khadro Ling. Em tibetano, Kha significa “céu”, Dro “mover-se, ir ou dançar” e Ling significa “local sagrado”. Poderia dizer que Khadro Ling significa a “morada das dançarinas do céu”.

O Khadro Ling é a sede do Chagdud Gonpa Brasil, uma organização sem fins lucrativos destinada ao estudo e prática do Budismo Tibetano. Uma comunidade de praticantes budistas mora  e cuida do local, que é aberto ao público de terça a domingo para que se possa conhecer um pouco mais sobre a filosofia budista. 

Não pise nas formigas (uma madeira protege o caminho delas)

O local foi escolhido para a construção do templo por ficar no alto de uma montanha e ter características semelhantes às montanhas do Tibet. 

Além de uma paisagem incrível você poderá visitar construções tipicamente orientais, com pinturas em suas paredes e lindas imagens talhadas na madeira, as bandeirinhas que espalham mensagens de paz quando colocadas ao vento, e as rodas de oração que podem ser manuseadas e propagam boas mensagens quando colocadas em rotação.

É o tipo de lugar onde você admira o que há ao seu redor, pára para fotografar (fotos e filmagens somente são permitidas na area externa), mas também se dá ao direito de contemplar sem pressa e sentir a paz que emana do local, e quem sabe também fazer sua oferenda e enviar boas energias para o universo.

O templo também possui uma loja onde pode-se adquirir desde as bandeiras com mensagens, lembrancinhas e até livros sobre o budismo. Mesmo que você não seja ligado às tradições budistas, este é um destino que certamente deve ser visitado. E depois de explorar esse lugar especial, pegar novamente a característica estrada rodeada de hortências da Serra Gaúcha, nos trás de volta à realidade. Não, você não estava no Tibete!

E essa estrada nos leva também ao final dessa viagem à Serra Gaúcha, um lugar delicioso sob todos os aspectos, e que vai deixar saudades...
E quando forem até lá tenho certeza que a opinião de todos será a mesma:
- Bah tchê, a Serra é mesmo trilegal !