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KONYA E CAPADÓCIA


É um longo caminho pela região da Anatólia Central, passando pela província de Konya , para se chegar onde está a Capadócia, mas graças à nossa guia a viagem foi bastante agradável e instrutiva: de aula de turco a história da Turquia, islamismo, dervixes e, claro, muita música turca. 
Veja a região da Anatólia Central no mapa abaixo (para ampliar clique no mapa)

Numa das paradas no caminho, tivemos a oportunidade de provar um prato típico da região que é iogurte com mel e semente de papoula, acompanhado do gostoso chá de maçã. Diferente e delicioso!


Desde 1883 nessa região a plantação de papoulas é legalizada, os campos são visíveis e próximos das estações de controle do governo. 


Desta linda flor são extraídas as sementes, utilizadas na culinária, e o leite viscoso branco, o ópio, que serve para fabricação de medicamentos, como a morfina (Roche e Abbott são as principais indústrias farmacêuticas). Na Turquia, no mes de julho, se colhe o leite dos bulbos das flores à noite para não escurecer com o sol, pois caso contrário endurece e pode ser processado para produção da heroína. Para impedir que a droga seja produzida, o governo controla a venda dos bulbos das plantas assim como tem um rígido mapeamento da produção e venda de todos os agricultores e uma fiscalização constante de todas as áreas plantadas. 

KONIA

Uma parada obrigatória e interessante é a cidade de Konya, onde está o Museu Mevlana e a tumba de Jalal ad-Din Muhammad Rumi, um místico sufi também conhecido como Mevlâna, ou Rumi. Ele foi um filósofo que nasceu no Afeganistão e fundou a ordem que leva seu nome. Ele morreu nesta cidade em 1273 e sua tumba é do século XVI.


Seguidores de Mevlana difundiram a Ordem Mevlana do sufismo, que prega a tolerância, a compreensão e a misericórdia. Os dervixes, membros do sufismo, também chamados de sufis ou sufistas, procuram uma relação direta com Deus por meio de cânticos, músicas e danças, o que os fazem exóticos e interessantes. 


O sufismo ensina uma coisa muito prática e interessante: quando o homem fica calmo ele consegue resolver todos os seus problemas. E está é uma das características dos dervixes, membros da ordem, que praticam uma espécie de dança rodopiante como forma de meditação para se ligar a Deus. 


A dança acontece em uma cerimônia (sema) em que, por meio de uma concentração incomum, os dervixes rodopiam no próprio eixo por volta de 10 minutos e, ao terminarem, voltam a andar normalmente até recomeçar. Este ritual se repete por quatro vezes durante 1 hora. Ao rodar, os dervixes projetam uma mão virada para cima e a outra para baixo, simbolizando a bênção do céu e a comunicação com a terra.  Neste video pode-se ver um trecho dessa cerimônia. Os verdadeiros dervixes se sentem voando e não rodopiando, e sua concentração impede que eles sintam tontura e caiam no chão, mas são poucos os que conseguem fazer isso por muito tempo. 


Konya é a cidade mais religiosa da Turquia e a pátria do Sufismo. Uma vez ao ano, em meados de Novembro, dervixes de todo mundo, inclusive brasileiros, se reúnem em Konya para uma grande celebração. Nossa guia nos contou um fato histórico protagonizado por uma baiana que inovou nas vestimentas usuais ao participar com roupas coloridas ao invés do tradicional traje branco. Desde então, muitos dervixes no mundo adotaram o uso de cores. Quem quiser assistir ao espetáculo anual dos dervixes tem de fazer a reserva com muitos meses de antecedência. 


O Museu Mevlana abriga o Mausoléu de Mevlana, assim como o de seu pai, além de tapetes, manuscritos, instrumentos musicais e uma coleção incrível de belas cópias do alcorão. Infelizmente é proibido tirar fotos no seu interior.  Na parte externa encontra-se um interessante cemitério onde estão enterrados vários seguidores da ordem. Em suas lápides existem inscrições e a representação de característico chapéu utilizado por esses dervixes.


Konya é a principal e maior cidade da região, com mais de 2 milhões de habitantes, e a população mais tradicional de toda a Turquia. Em suas terras são produzidos 90% de todo trigo e uma importante fábrica de aviões também está no local. Isso me fez pensar: Mevlana criou o giro como forma de meditação para conseguir “voar” até Deus, e na atualidade uma importante fábrica de aviões da Turquia foi construída ali. Estranha coincidência esse dom de voar!   

CAPADÓCIA


Chegamos a noite na Capadócia e nos hospedamos no Dinler Hotel que fica em Ürgüp. Não foi um daqueles hotéis característicos da Capadócia, como que escavados nas pedras, e onde você se sente morando numa caverna. Em geral esses hotéis são muito caros, exclusivos, e essa opção vai depender do seu objetivo na viagem. Para nós esse hotel que ficamos serviu muito bem às nossas necessidades. 

Após o jantar nossa guia sugeriu que fôssemos a um show de danças turcas típicas, que acontece no Harmandali Restaurant , em Nevsehir na Capadócia.

O lugar é interessante, parece uma caverna típica da Capadócia. Você pode jantar ou apenas assistir ao show.




De início achei o show cansativo pois se limitava a várias danças de pouco interesse e repetitivas: passos de roda com roupas brilhantes e simples, onde os homens e mulheres (magérrimas) se revezam nas rodas. Mas eis que entra em cena uma dançarina  que  se apresenta sozinha em 3 atos: faz o giro sufi (dança religiosa) e depois executa a dança dos sete véus e a dança cigana turca (foto abaixo). Sensacional! 




Algo nela chamou minha atenção. Ela tinha um corpo mais bonito que as demais dançarinas e mexia sensualmente os quadris. Descobrimos o segredo: era brasileira!  

Uma pequena amostra da dança de Clara que assisti está neste vídeo: 


Definitivamente ela foi o ponto alto do show folclórico e sua versão do ritual dos dervixes, foi realmente incrível, mas não consegui filmar porque a bateria da máquina acabou. Por isso peguei emprestado do Youtube esse video que mostra Clara nessa dança: veja aqui

Essa brasileira de coração turco tem uma história muito interessante. Veja nesta reportagem 


Uma curiosidade!
Durante uma pesquisa de campo para a novela “Salve Jorge” da Rede Globo,  a autora Glória Perez conheceu a brasileira Maria Clara neste show de dança típica. Esse encontro inspirou a criação da personagem Bianca, interpretada por Cléo Pires.  A bailarina também virou professora de dança do elenco e participou das gravações contracenando com o ator Domingos Montagner, que interpreta Zyah, o guia turístico pelo qual Bianca se apaixona.


Além das apresentações diárias no Harmandali Restaurant, Maria Clara dá aulas gratuitas de dança para crianças turcas e oferece aulas de dança do ventre e roman dance (dança cigana turca) para mulheres de todas as idades. Mais uma dica para turistas brasileiras! E quando vem ao Brasil ela faz workshops em várias cidades. Veja a programação no seu site oficial.

Voltando ao o show folclórico, no final da apresentação o DJ atacou de “Macarena e continuou com "YMCA", "I will Survive" ...difícil agüentar! Mas como toda viagem tem seu “mico”, até que foi divertido e eu não tinha do que reclamar, afinal estávamos na Capadócia, e não é possível alguém ficar de mau humor ao se dar conta disso: sorte minha que estava lá!


OS BAIRROS DE GÁLATA E BEYOĞLU EM ISTAMBUL

O bairro de Gálata fica na saída da Ponte de Gálata e Beyoğlu mais à direita desta, ao norte do Chifre de Ouro


A área de Gálata já foi dominada por genoveses e venezianos durante o período bizantino. A ponte de Gálata foi originalmente construída em madeira no século XIX, mas reconstruída em 1909 e depois novamente em 1992. Ela é uma das mais largas pontes do mundo, com 80m de largura que acomodam 3 pistas para carros e largas calçadas para pedestres de cada lado, além da linha do trem (tramvay) ao centro. 


Suas calçadas costumam ficar cheias de pescadores o dia todo, e é tanta gente que não sei como as linhas de pesca não se emaranham.


Embaixo da ponte de Gálata encontram-se pequenos restaurantes populares que servem peixe, mas o movimento de turistas por ali é pequeno. Minhas fotos eram noturnas, não mostram com clareza o lugar, por isso as fotos abaixo são da internet.




Os restaurantes, em sua maioria, servem o tradicional sanduíche de peixe, que também são servidos há mais de 50 anos nas embarcações tradicionais amarradas ao cais, onde os vendedores gritam:Balik ekmek! Balik ekmek! They shouted. Balik ekmek!” (Peixe no pão! Peixe no pão!). 



O sanduíche de peixe é uma comida típica de istambul e consiste em pão, peixe frito na chapa, cebola, tomate, alface, todo regado com suco de limão, e é muito barato. 


O lugar aqui é bem agitado a noite e freqüentado principalmente por jovens. 


A Torre de Gálata é o principal atrativo turístico do bairro e está localizada no topo da encosta, sendo visível de todos os lados da cidade.  


Para se chegar a ela, vindo do Bazar das Especiarias, basta cruzar a ponte e subir a pé até ela pelas ruazinhas estreitas. 


Se vier da Praça Taksim, o mais pitoresco é pegar o bondinho de madeira que desce a principal rua do bairro, a Istiklal Caddesi, até ponto final e descer a pé até a torre, ou então descer a pé toda a Istiklal aproveitando o comércio e os pontos turísticos do local, e chegar até a torre. Para voltar, como a subida para Taksim é muito íngreme, desça a pé até a estação Karakoy que fica na entrada da ponte Gálata ou pegue um taxi (o que não é muito fácil por ali, pois os poucos que passam estão cheios).


A torre de Galata foi construída originalmente em madeira, por volta do ano de 528, para servir de farol. Hoje o que se pode ver é a construção feita em 1348 pelos genoveses, que se estabeleceram em Istambul entre o século XIV e XV, e que a chamaram de "Torre de Jesus". A torre pegou fogo e foi destruída, mas restaurada mais tarde durante o império otomano e depois em 1967 porque estava com risco de desmoronar. No período otomano foi usada como prisão, farol, armazém e torre de observação de incêndios.


Ela é majestosa! Seu diâmetro externo é de 16 metros e em seus 61 metros de altitude há um mirante com bela vista da cidade.É um ótimo lugar para se ter uma visão da situação geográfica da cidade, de onde se avista bem o Corno de Ouro em frente, o bairro de Sultanahmed, o Estreito de Bósforo e o Mar de MármaraNo topo da torre há um restaurante que apresenta shows típicos no jantar, mas se quiser passar longe desse tipo de atração feita apenas para turista ver, troque esse jantar por um bem melhor num dos ótimos restaurantes da cidade. Sobe-se ao terraço por um elevador ou por uma escada claustrofóbica em espiral de 143 degraus. Compre o ingresso e veja  Istambul aos seus pés em 360º. Vale a pena!









Para chegar ao bairro de Beyoğlu, que fica ao lado de Gálata, a melhor opção é ir de trem (tramvay) até a última estação, Kabatas, e lá fazer a conexão com o funicular subterrâneo (funikuler) até Taksim. Como nosso hotel ficava nesse bairro, fazíamos esse trajeto diariamente para visitar a cidade. É muito fácil e tranqüilo. 



A Praça Taksim é o centro do bairro de Beyoğlu, onde também está o Hotel Mármara e a estação de metro. Seu nome vem do reservatório de água feito de pedra que foi construído em 1732, sob as ordens de Mahmud I, para armazenar água na cidade. A palavra “taksim” significa “partilhar a distribuição”, e a praça atual é considerada o coração da moderna Istambul e símbolo do governo. Além de atração turística, a praça também é local de muitas manifestações culturais e políticas. Num domingo, 10 dias antes de chegarmos à cidade, um homem bomba feriu 32 pessoas nessa praça, mas nenhuma organização terrorista assumiu o ataque. De qualquer forma, andar por essa praça como em outros lugares de Istambul parece seguro.


O Monumento da República foi construído na praça circular em 1928 em comemoração à proclamação da república do país. Um dos lados das figuras em bronze simboliza a Guerra da Independência e de outro a República da Turquia com o líder Kemal Atatük junto a outros políticos e soldados. As flores que se vê nas fotos foram colocadas em homenagem ao aniversário de morte de Atatük, líder muito querido e venerado por todos. Kemal Atatük, nome que é chamado pelos turcos, e que significa “pai (Ata) dos turcos (tük)”, foi o presidente que revolucionou por completo o país. Separou o Estado da Igreja, apostou na constituição de um Parlamento representativo e trouxe a Turquia para o mundo ocidental.


Quando chegamos a Istambul no dia 10/11/2010, era o dia do aniversário da morte de Atatük (ele morreu em 10/11/1938). Estávamos na van que nos conduzia do aeroporto ao hotel quando à 9:05hs, horário da morte de Atatük, tudo parou. De início não entendemos nada e ficamos preocupadas com algum ato terrorista: todos os carros pararam onde estavam, a nossa van, que atravessava uma ponte, parou no meio da pista; muitos motoristas desceram dos carros e todos fizeram 1 minuto de silencio. Foi impressionante! Pena que não tenho fotos desse momento porque foi rápido e inesperado, mas vai ficar na memória esse exemplo de patriotismo dos turcos logo ao chegarmos à Istambul: a nossa primeira “aula cívica” sobre a Turquia e seu grande líder. 


A rua principal de comércio de Beyoğlu é a Istiklal Caddesi que começa na Praça Taksim. A Istiklal tem um clima cosmopolita, com lojas que atendem a todo o tipo de público (desde pequenas lojas que vendem de tudo a boutiques internacionais), além de cafés e restaurantes, e fica lotada o dia todo até tarde da noite. É impressionante o número de pessoas que circula nessa rua, e à noite acho que é o horário mais cheio (população local e turistas). Não imaginava que fosse assim! 


A mistura de diferentes tipos de estabelecimentos comerciais faz dela uma rua muito pitoresca e onde se pode achar de tudo. Foi lá que compramos um chocolate delicioso vendido em uma simples banquinha de rua. E para facilitar na hora de escolher entre tantos tipos de chocolate, o vendedor já tem os pedacinhos cortados para prova. O pecado da gula já começa na compra! 


Aproveite o passeio pela Istiklal e prove o delicioso (e famoso) sorvete de pistache. No post do início da viagem, quando falei do freeshop do Aeroporto Internacional de Istambul, eu já tinha mencionado esse sorvete, mas na Istiklal ele se torna especial, porque vem acompanhado de uma brincadeira tradicional feita pelos divertidos sorveteiros. Como estava sem a máquina no momento em que comprei o sorvete não pude registrar a cena, mas achei na internet esse vídeo que mostra a habilidade desses sorveteiros na brincadeira que fazem com os clientes. Você faz papel de bobo, mas acredite, é muito legal!


Alguns restaurantes podem passar desapercebidos na Istiklal, tal a agitação dessa rua, mas se prestar atenção vai achar bares e restaurantes muito charmosos, como é o caso do The House, e valem uma parada para uma refeição rápida ou um delicioso café turco. É um restaurante mais caro, mas vale experimentar pratos que fogem da comida turca tradicional, como o hambúrguer House, as pizzas de massa fina e as bruschettas e saladas criativas. Os coquetéis de fruta enormes são deliciosos. Existem outras 3 filiais desse restaurante em Istambul, e a que fica sobre o Bósforo, com decoração chique e um terraço sobre o mar, é a mais famosa e serve um brunch no fim de semana.  


A discreta porta do Restaurante Midpoint nos levou a um local surpreendente, um restaurante muito agradável, moderno, e com linda vista da cidade. Vale a pena dar uma pausa na correria e conhecer esses locais!




Conhecemos ainda o ótimo Restaurante Haci Baba que tem apenas uma pequena e escondida porta na Istiklal no número 49. 


É uma restaurante excelente e um agradável terraço envidraçado com vista para o pátio interior da Igreja Ortodoxa.The long menu has all sorts of delicious Turkish specialties , which you can also choose by simply going to the kitchen for a look. O menu tem todos os tipos de especialidades turcas.


Outro local que não se pode deixar de conhecer na Istiklal é a famosa Doceira Saray.


Ninguém consegue passar sem parar (e ficar com água na boca) para admirar sua vitrine cheia de doces. Apesar de estar sempre lotada, voltamos várias vezes para conseguirmos provar as delícias de seu cardápio: pratos rápidos e doces deliciosos. Imperdível!




Para conhecer e explorar a Istiklal, pode-se descer a pé por toda sua extensão desfrutando do ótimo comércio e depois, para não enfrentar a subida na volta, pegar o bondinho e retornar à praça Taksim.



Esse bondinho de madeira é único, um velhinho charmoso e romantico, que vai e volta pela rua o dia todo. Ele passa devagar no meio da rua entre os pedestres que, ao ouvirem a sua sineta, simplesmente saem da frente. 



Beyoğlu não é um bairro com grandes atrações turísticas, mas é perfeito justamente para “bater perna”, e também para entrar nas bonitas galerias que estão na Istiklal Caddesi. 


Uma delas é a Cicek Pasaji (Passagem das Flores) construída em estilo rococó e erguida em 1876. Esta galeria é famosa por causa do seu agradável ambiente que reúne vários restaurantes. É um ótimo lugar para se jantar, mas tenha paciência para conseguir uma mesa porque está sempre lotado.



Uma peculiaridade desta galeria é que ela acaba no Balık Pazari (mercado de peixes), que além das bancas de peixe (é incrível, mas não têm cheiro forte de peixe), tem bancas de frutas e outras pequenas lojas. Muito pitoresco!



Nevizade Sokak, perto da Çiçek Pasaji, é uma pequena rua cheia de tavernas que ficam lotadas à noite. Está repleta de meyhanes que servem boa comida e bebida abundante nas mesinhas ao ar livre.


Como a maioria das ruas do bairro é estreita ou fechada para os veículos, o melhor modo de explorar as várias partes de Beyoglu é a pé. Está perdido? Peça a alguém para indicar a direção da Istiklal Caddesi, onde a cidade inteira vai trabalhar, fazer compras e se divertir, o que faz dela uma das ruas mais vibrantes do planeta.


Beyoglu é também um dos bairros preferidos para os que querem se hospedar em um ambiente mais ocidentalizado.  São várias opções de hotéis, todos muito bons e bem localizados. É um ótimo lugar para ficar porque tem tudo por perto: bom comércio, restaurantes, transporte de fácil acesso, e, apesar de ser bem movimentado, é seguro. Se um dia voltar a Istambul me hospedo por lá novamente, e indico sem restrições o hotel que fiquei: o Hotel Nippon.


Esse hotel fica muito próximo à praça Taksim, mas em local tranqüilo e sem barulho. É um hotel 4 estrelas de porte médio, mas muito bom, limpo, confortável, com excelente café da manhã e um atendimento diferenciado, muito simpático e eficiente. A gentileza dos funcionários chamou nossa atenção, uma vez que “atendimento simpático” na Turquia é algo raro de se ver. Que me desculpem os turcos, mas isso foi algo que estranhei no país como um todo, não só em Istambul: eles são muito mal humorados, fazem cara feia para qualquer coisa e são muito impacientes, chegando a ser mal educados para os nossos padrões ocidentais. Pronto, falei!
Se esta é uma característica cultural dos turcos eu não sei, mas pode e deve ser modificada para lidar melhor com o turista, que é uma de suas principais fontes de renda. E nesse ponto a gerência do Hotel Nippon está de parabéns: foi o único local em que fomos tratadas com simpatia e bom humor em toda a Turquia. 


Descendo a Istiklal Caddesi, depois de passar pela Çiçek Pasaji, está o Galatasaray Lisesi, que pode ser reconhecido facilmente pelos enormes portões dourados e de ferro, uma importante escola de segundo grau de Istambul (o bondinho de madeira tem um ponto em frente).

Depois de passar o Galatasaray Lisesi nos deparamos a Igreja de Santo Antonio de Pádua



É a maior igreja católicade Istambul e foi construída de 1906 a 1912 por um arquiteto italiano. Muito bonita, seu interior é simples, mas ao mesmo tempo magestoso. 



O Papa João XXIII foi padre nessa igreja por 10 anos, onde ele era embaixador do Vaticano na Turquia antes de se tornar Papa. Ele é chamado pelo apelido de "Papa turco" porque era fluente na língua e se dizia apaixonado pela cidade de Istambul. Uma estátua de bronze foi colocada na frente da igreja em sua homenagem.


A vista das escadarias para a rua Istiklal é interessante porque mostra a bonita arquitetura do prédio anexo da igreja.


Continuando a descer pela Istiklal peça indicação, mas na altura do consulado italiano e próximo à parada do bondinho, tem uma rua que dá acesso ao Museu Pera (Pera Müzesi), que fica na Mesrutiyet Caddesi ,141. É um museu de arte maravilhoso, com exposições permanentes.  A fachada é a do antigo Hotel Bristol.


Próximo ao Museu Pera fica o famoso Pera Palace Hotel (Pera Palas Oteli). Esse hotel foi criado para hospedar os viajantes do famoso Orient Express, e foi ali que a escritora Agatha Christie se refugiou numa ocasião em que desapareceu de casa. Foi quando escreveu o livro Assassinato no Orient Express, hospedada no quarto 411, que se tornou ponto de visitação turística. 


Para quem é fã de carteirinha da escritora vale uma visita, mas de qualquer forma vale o passeio porque se desfruta de lá de uma linda vista para o Corno de Ouro.


Continuando a descida, perto do ponto final do bondinho de madeira, chega-se próximo ao Galata Mevlevihanesi, na Galip Dede Caddesi 15. É um Monastério da ordem Mevlana (mevlevi) - a mais conhecida ordem do sufismo (vertente mística do Islã) -  e é a única instituição de Istambul dedicada aos dervixes (monge muçulmano que faz voto de pobreza, humildade e castidade).


Como o Monastério está fechado para reformas (parece que até o final de 2011) não pudemos visitar. Por isso tivemos de assistir à apresentação dos dervixes em outro local, e aqui abro um parêntese para contar essa experiência.

A cerimônia dos dervixes

A cidade base da ordem Mevelana (mevlevi) é Konya, onde viveu e se estabeleceu o teólogo Mevlana Jalaluddin Rumi, nascido no Afeganistão, e fundador da ordem no século XIII, e onde se encontra o principal monastério e o Museu Mevlana

Museu e monastério da ordem Mevlana na cidade de Konya
No sentido místico a cerimônia de Mevlana (sema) simboliza o amor divino, a maturidade espiritual e a unificação com a verdade divina. A cerimônia é um ritual de dança representando a união com Deus. É um dos espetáculos mais conhecidos do país, onde os protagonistas são os dervixes (membros da ordem), que rodopiam (usando uma espécie de saia armada) como forma de dhikr (“lembrança de Deus”). 


Essa cerimônia atrai muitos turistas, mas grande parte delas é apenas teatral, onde supostos dervixes rodopiam enquanto os turistas jantam. Nos hotéis existem vários folhetos oferecendo essas apresentações como se fosse show típico, o que chega a ser uma afronta aos praticantes da seita. Se você quiser ver um destes rituais de forma autêntica em Istambul deve ir ao Galata Mevlevihanesi, mas como este está temporariamente fechado, a opção é assistir à apresentação no Art & Hodjapasha Culture Center, perto da Estação de Sirkeci.

O Centro fica num edifício otomano restaurado, e é preciso reservar o ingresso com antecedência (seu hotel pode fazer isso por você pelos tel: 2125114626 / 2125114636). O ingresso dá direito a chá e suco de cortesia. Uma exposição no hall de entrada descreve 10.000 anos de história da cerimônia na Turquia.


 O local da apresentação não é muito grande e logo fica lotado de turistas. 



CURIOSIDADE: A cerimônia de Mevlana (sema) começa com a leitura do alcorão e a primeira parte da apresentação é de música sufi instrumental. Há um cerimonial para a entrada dos dervixes e entrada  do sheik. Os dervixes entram,silenciosamente, portando a roupa tradicional da cerimônia, onde cada peça tem significado: o chapéu pontudo representa a lápide do ego (as lápides em cemitérios muçulmanos têm esse formato) simbolizando que ele está morto para o mundo das aparências; a saia branca rodada é a mortalha do mesmo, e representa a morte dos desejos. A entrada é feita com uma longa capa preta e, quando cada dervixe chega ao seu lugar, ela é retirada, simbolizando o renascimento do espírito, num gesto de  desfazer-se das coisas que os ligariam ao mundo terreno. Um dos pontos essenciais para o rito sufi é a negação do ego para que se possa entrar em contato com o divino. Um a um com os braços entrelaçados ao peito aproximam-se do sheik, se curvam, beijam sua mão e começam a rodar. As mãos cruzadas no peito vão subindo como em um balé, os braços se desenrolando até se esticarem na altura da cabeça, a direita virada para cima, simbolizando a benção do céu para receber o amor divino, a esquerda para baixo, se comunicando com a terra,distribuindo esse amor entre os presentes à cerimônia e estendendo a toda a humanidade. Cada um tem sua vez de começar, até que todos estejam realizando um rodopio suave e contínuo. A musica toca em ritmo de êxtase e os dervixes rodam por volta de 10 minutos. Esta seqüência se repete por 4 vezes.  Somente o transe explica poderem girar sem perderem o equilíbrio, e com tanta harmonia. A cerimônia termina e, um a um, vão deixando o salão, todos que assistem saem em silêncio, ainda sob a impressão do que se viu e ouviu.

Como se trata de uma cerimônia religiosa, não se pode falar, tirar fotografias ou sair do lugar durante o rodopio dos dervixes. Por isso não pude gravar, mas como ilustração assista nesse  video um trecho da cerimonia.

Toda cerimônia, que dura cerca de 1 hora, é realizada com a suave (e diria, monótona) musica sufi instrumental, num ambiente silencioso e com pouca luz. Depois de uns 20 minutos de apresentação apenas da música, entram os dervixes que rodopiam por outros 40 minutos. Preciso confessar que, apesar da beleza da apresentação, conseguir assistir à hipnotizante cerimônia foi um problema! Cheguei à conclusão que o difícil não é rodopiar sem cair como os dervixes fazem, o difícil é permanecer acordado e, se não conseguir, se manter equilibrado na cadeira para não cair! Desculpe, mas é foi uma prova de fogo, não só para mim, mas para boa parte da platéia que tentava assistir à cerimônia.

Mas algo interessante aconteceu! Depois que saímos do local resolvemos comer alguma coisa antes de ir para o hotel, e notamos que saímos diferente, alguma coisa nos tocou nessa cerimônia: apesar do sono, estávamos alegres, ríamos por qualquer bobagem, tivemos vários acessos de riso no restaurante, no metrô, no caminho e no hotel. Fomos dormir cansadas, mas de chorar de rir. Que efeito foi esse? Estranho, não? De qualquer forma foi muito bom: rir faz bem para a alma, e como a sema é tida como uma viagem espiritual (será que tivemos uma desintoxicação espiritual?), acho que embarcamos nela e, com certeza, fomos dormir mais leves e felizes naquela noite.