Nisantasi, povoado por edifícios Art Nouveau, nesse bairro estão muitas lojas de grife: Louis Vuitton, Chanel, Burberry. Lá se encontram também bares e restaurantes modernos onde se come, bebe, relaxa, e ouve música, sempre com um fundo de tranqüilidade e elegância.
Nisantasi |
Ortaköy é uma das zonas residenciais mais sossegadas da cidade. Ao lado do terminal de balsas, a Praça Ortaköy (Iskele Meydanı) é cercada de cafés e restaurantes ao ar livre. Lá os jovens costumam se sentar num banco de jardim com vista para o Bósforo e comer Kampir, um lanche tradicional que é uma batata grande recheada com milho, cenoura e outros ingredientes, coberturo de iogurte. As ruas de trás da praça foram revitalizadas e estão repletas de lojas de presentes, e nos fins de semana, acontece nela uma popular feira de artesanato.
Praça Ortaköy e a Mesquita |
Besiktas concentra hotéis de luxo como o Cirigan Palace, o Four Seasons Bósforo e o W Istambul, assim como lojas e os restaurantes da moda, como o W Kitchen, do hotel W, um restaurante cosmopolita muito apreciado. Na rua em frente o estilista norte-americano Marc Jacobs tem duas lojas com o seu nome.
Besiktas |
Edirnekapı, bairro distante ao norte do centro, é bem mais tradicional e conservador. Os moradores aqui são originários, em grande parte, do interior; suas ruas são de paralelepípedo e as casas de madeira.
O bairro não tem nenhum atrativo turístico, e você não iria até lá se não fosse pela fantástica Igreja de São Salvador em Chora ou Museu Kariye (Kariye Müzesi). É imperdível!
Mas antes de entrar na igreja não deixe de olhar as bancas e pequenas lojas de artesanato e lembrancinhas perto da entrada. Lá se acha de tudo e é muito mais barato.
Muitas vezes deixada de lado por ficar afastada dos roteiros turísticos principais, esta igreja, no que se refere a esplendor bizantino, perde apenas para a Hagia Sophia. A data exata de sua construção é desconhecida, mas foi por volta do ano 400, dentro dos muros da antiga Constantinopla. Apesar de pequena teve grande importância na era Bizantina. Entre 1948 e 1959 a decoração foi cuidadosamente restaurada sobre os cuidados da Sociedade Bizantina das Américas.
Chegar até lá exige um longo trajeto de táxi, que pode ser cômodo mas sai caro. De ônibus também é possível ir, mas não aconselho porque são cheios e o trânsito em Istambul é caótico.
O melhor é se aventurar numa combinação de trem e taxi, que é muito fácil. São duas opções (de ida e volta):
1. de Sultanahmet toma-se o trem de superfície (tramvay) no sentido Zeytinburnu até a estação Topkapi (não tem nada a ver com o palácio, é outro local) e de lá pode-se ter 2 opções: de Topkapi pegar um táxi até a Igreja (não é longe) ou fazer conexão, pegar um outro trem até Edimekapi (é a estação mais próxima da igreja) e de lá dá para ir a pé até a igreja se gosta de se aventurar pelas ruas.
2. de Sultanahmet toma-se o trem de superfície (tamvay) no sentido Zeytinburnu até a estação Yusufpaşa, de onde faz conexão com uma caminhada à estação Aksaray do metro. Duas estações a frente, a Ulubatlı -Topkapi, descer e pegar um táxi até a Igreja.
Na ida à igreja fizemos o trajeto 2 acima, que tem o inconveniente da conexão um pouco distante e meio confusa. Na volta preferimos então o trajeto 1 porque nos foi dada a dica de que era mais fácil e perto. Realmente o trajeto 1 parece ser melhor, mas no nosso caso tivemos um probleminha com o taxi que pegamos, o que não deve desanimar quem quiser fazer esse trajeto pois é uma ótima opção. Imprevistos acontecem! Vamos ao que se sucedeu.
Após o jantar, ao sairmos do restaurante que fica ao lado da igreja, pegamos um taxi
que deveria nos deixar na estação Topkapi (trajeto 1). Os taxis em Istambul em geral têm taxímetro, mas às vezes o motorista prefere combinar o preço antecipado da corrida, e foi o que este motorista fez. Até ai, tudo bem, o preço cobrado foi o mesmo que pagamos ao outro taxi. Só que o motorista, que não esperava enfrentar um grande congestionamento, parou o taxi no meio de uma avenida e no cruzamento de um túnel, e disse (em tom exaltado e em turco!) para descermos e irmos a pé! Ele não queria ficar parado no trânsito e ter prejuízo. Sem condições de discutir com o malcriado motorista, descemos e fomos andando na calçada cada vez mais estreita do túnel apinhado de carros. Uma loucura! O problema foi que um pouco mais à frente esse longo túnel bifurcava e não tínhamos a menor idéia para onde ir, nem ninguém para perguntar, afinal ali era um túnel onde não existiam pedestres. Que situação! Andamos mais um pouco e vimos que do outro lado havia uma escadaria, enfim uma saída que, pensamos, nos levaria a algum ponto de ônibus ou metrô. Ao subirmos fomos parar em um local ermo, escuro, deserto, uma espécie de parque onde só avistávamos canteiros de plantas e a muralha da cidade de um dos lados. Estávamos no meio do ...nada! Essa escada ligava nada a coisa nenhuma? Que estranho! Mas voltar ao túnel estava fora de cogitação. Optamos por andar e um tempo depois avistamos duas pessoas que vinham em nossa direção. Por sorte eram duas mulheres muçulmanas que, com certo receio (se elas estavam com medo, nós então...), nos indicaram o caminho até o metrô. Ainda tivemos de perguntar a direção mais à frente porque era distante, até visualizarmos alguns prédios e chegar à estação. Que alívio! Mas vamos retomar à descrição da igreja que nos trouxe essa inusitada aventura.
A Igreja de são Salvador é tomada por mosaicos dourados e afrescos que contam histórias da bíblia com detalhes e delicadeza tocantes. Os afrescos datam de 1320 e muitos deles, infelizmente, estão em mau estado de conservação. Os afrescos ilustram temas relacionados à ressurreição e os maravilhosos mosaicos retratam passagens da vida da Virgem Maria e da infância de Jesus Cristo.
Representando cenas do Dia do Julgamento à Ressurreição, as obras são consideradas, com justiça, os mais importantes remanescentes de arte bizantina do mundo, tanto em termos de execução, quanto de preservação.
Alguns mosaicos ocupam paredes inteiras e talvez uma das mais bonitas seja a de Jesus Khalke e a Virgem Maria: o rosto de ambos é maravilhosamente trabalhado, parece uma pintura, mas é um mosaico!
Ironicamente, essas obras cristãs devem suas condições de preservação à conversão da igreja ao Islã, no início do século XVI, quando os afrescos e mosaicos foram cobertos por gesso. Eles permaneceram ocultos até sua redescoberta, em 1860. Quando a igreja se transformou em mesquita, depois da tomada de Constantinopla pelos turcos, passou a ser chamada de Kariye.
Ao ser transformada em museu em 1948, a restauração que se seguiu revelou muitas de suas obras de arte, sendo que algumas das mais bonitas são as cúpulas, como esta de Cristo Pantocrátor e a sua árvore genealógica.
Atualmente a igreja é um museu e não presta serviços religiosos.
Depois da visita a sugestão é descansar e comer logo ao lado, no excelente Asitane, restaurante do Hotel Kariye.
O restaurante é muito agradável, tranqüilo e sua decoração contemporânea e elegante.
O cardápio oferece uma seleção maravilhosa de pratos, que são uma releitura das antigas receitas otomanas. As datas ao lado de cada prato no cardápio se referem à época em que elas foram criadas e servidas nas mesas dos sultões. Além de interessante, a comida é deliciosa, sofisticada, cheia de aromas.
A entrada foi uma seleção de pequenas porções criadas pelo chef a partir de ingredientes típicos da cozinha turca e das receitas dos palácios otomanos. Delicioso!
Da esquerda para a direita: 1- Humus Lokman (1469): humus com canela, pinhole e passas; 2- Lor Mahlutu (1898): queijo com cebolinha, salsinha, pimenta verde, tomate temperado com páprica e “rosemary”; 3- Fava: fava temperada com dill e azeite;4- Dövene Hiyar Salatasi (1844): coalhada seca com cebola, pepino, coberta com pistache.
Depois dessa entrada cada uma de nós pediu um prato quente. Difícil saber qual o mais gostoso. O prato abaixo chama-se Mutancana (1539): pedaços de cordeiro com molho de damasco, amêndoas, uva, figo seco e mini cebolinhas, servido com arroz pilaf verde (risoto de salsinha e hortelã)
Essa delícia se chama Pekmezli Ayva Dolmasi (1539): arroz com cordeiro e pinhole, servido em ½ pêra cozida e gratinada com especiarias e extrato de uva.
Como esses sultões passavam bem! Foi um jantar memorável, e ficamos tão satisfeitas que não conseguimos pedir a sobremesa. Se soubéssemos das emoções que iríamos vivenciar no nosso trajeto de volta, teríamos nos preparado com uma boa dose de glicose no sangue. Mas depois de um jantar como esse, nem mesmo um safado de um motorista de taxi conseguiria estragar o nosso bom humor naquela noite, afinal tínhamos acabado de saborear a deliciosa culinária real!
Uma dica para finalizar: se tiver tempo, aproveite para incluir no mesmo passeio uma visita à bonita Mesquita do Sultão Eyup e o lendário Café Pierre Loti com acesso por teleférico e uma das mais lindas vistas da cidade. Da igreja de São Salvador em Chora até a Mesquita de Eyup é uma pequena corrida de taxi. A volta pode ser feita por mar: do pier de Eyup bem próximo, no outro lado da rua, saem os barcos até Eminonu.
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