MESQUITA SULEYMANIYE / MESQUITA NOVA / BAZAR DAS ESPECIARIAS / ESTAÇÃO SIRKECI

Mesquita de Suleymaniye

Bonde Eminönü. 

A Mesquita Azul não é a maior de Istambul. Antes dela foi construída - entre 1550 e 1557 - a Mesquita de Suleymaniye, ainda mais grandiosa, por ordem do mais rico e mais poderoso do Império Otomano: Sultão Suleyman I, "O Magnífico”. Construída na colina mais alta de Istambul, é visível a quilômetros de distância. 

Descendo do bonde na estação Eminönü, onde fica o Bazar das Especiarias, contorne a praça à direita e vá subindo a pé pelas ruazinhas estreitas de comércio popular e cheias de compradores. A praça é lotada de gente e por isso mesmo sempre encontrará alguém para te indicar o caminho.

Essa forma de se chegar até lá é muito mais pitoresca e interessante. Tomar um taxi pode parecer mais confortável, mas é complicado porque o transito é caótico.

O divertido é ir a pé e apreciar o comércio local: lojas que vendem de tudo a preços muito abaixo dos grandes bazares, onde muitas mercadorias são colocadas nas calçadas e os vendedores vão atrás de você pelas ruas para não perder a chance de uma boa venda. Muito divertido, e é a cara de Istambul!

Demoramos muito para fazer esse trajeto, não pela distância, mas pela deliciosa distração de entrar e sair diferentes tipos de lojinhas e vivenciar como é o comércio freqüentado pela população local. Como não é um ponto turístico, e por isso mesmo é interessante, a comunicação às vezes fica complicada porque nem todos falam inglês, mas em se tratando realizar uma venda, os turcos sempre dão um jeitinho.

Para não se perder naquele aglomerado de lojas e ruazinhas, vá perguntando o caminho para se chegar à mesquita e sempre terá a indicação correta. De vez em quando você vai achar também um aglomerado de placas que indicam que não se está perdido. Não tenha pressa e aproveite: daquela confusão de mercadorias e gente você vai descobrir muitas coisas pitorescas, comprar algum artigo por um preço irrisório e até comer algo diferente e delicioso vendido em alguma barraquinha de rua, como essa rosquinha de nome complicado, parecida com um “churros”, mas tão crocante que fazia um barulhão para comer. Uma delícia!

Quando chegamos próximo da mesquita foi fácil identificá-la pelo tamanho de suas cúpulas e minaretes, e também pelo som dos muezins que chamavam para a hora da oração.

Ao chegar bem perto fica-se extasiado com sua grandiosidade e beleza.

Ela é considerada uma das obras mais importantes da arquitetura e engenharia turcas da época. Foi finalizada em apenas sete anos, e empregou quase 6.000 homens durante a obra. O valor da construção hoje seria por volta de 60 bilhões de dólares. A mesquita tem cerca de 4.500 metros quadrados de área total de construção, e em dimensões totais do complexo, é muito maior do que qualquer outra. 

Tirei essa foto de um cartaz na entrada da mesquita. Realmente grandiosa!

Seus jardins e pátio são muito agradáveis para caminhar. Há as tradicionais torneiras para ablução da parede sul da mesquita.

O grande pátio central tem vários acessos. No centro do pátio interno há uma fonte como em todas as mesquitas. Esta mesquita tem 4 minaretes, os mais altos com 74 metros de altura, e 16 balcões, que simbolizam o fato de Suleyman I ser o quarto sultão após a conquista de Istambul e o décimo sexto desde o império romano.

Essa mesquita estava em reforma há algum tempo e aconteceu de a visitarmos no primeiro dia de reabertura. Muitos tapumes ainda estavam espalhados pelo local impedindo a total visão do prédio e alguns acessos ainda estavam fechados, mas isso não atrapalhou a visitação. O complicado foi entrar na mesquita após o final do horário de oração: um sufoco!

Como a mesquita permaneceu fechada por um bom tempo, muitos fiéis foram até lá neste dia, e uma multidão tomou conta de seu interior. Quase desistimos de entrar, mas também não dava mais para voltar atrás, porque ficamos presas no meio daqueles muçulmanos que se esforçavam para por e tirar seus sapatos na porta da mesquita. Uma confusão!

 Mas depois de entrar tudo se acalmou porque parte interna da mesquita é enorme e nem parecia que havia tanta gente por lá.  

E logo ficamos encantadas com sua beleza, toda iluminada por cerca de 200 janelas e graciosas luminárias em estilo árabe. 

As paredes e o teto não possuem uma decoração elaborada, com aquela profusão de mosaicos dourados ou cerâmicas como nas demais mesquitas, mas nem por isso deixa de ser bela e impactante devido ao seu tamanho e bom gosto na colocação dos vitrais e ladrilhos de Iznik.

Atrás da mesquita há vários türbes (túmulos), que formam um cemitério muito interessante devido às características das placas com lindas inscrições em cada um dos túmulos. 

No fundo desse cemitério está o mausoléu do próprio Süleyman I e sua influente esposa Haseki Hürrem, uma ex-escrava conhecida como Roxelana, que está enterrada ao lado dele.

E na saída da mesquita pode-se aproveitar para comer ou fazer compras...afinal, estamos em Istambul! Um dica: pela proximidade da mesquita nesse local existem algumas lojinhas que vendem pashiminas, e foram as mais baratas que encontramos em toda viagem. Vale a pena!

Mesquita Nova (Yeni Cami) – ou também chamada de Mesquita Valide Sultan ou Mesquita da Rainha Mãe.

Bonde Eminönü

A Mesquita Nova, vista da ponte Gálata ao entardecer, é deslumbrante!

Sua construção levou muito mais tempo do que todas as demais mesquitas de Istambul: foram longos 66 anos!  O nome “nova” deve-se ao fato de que já existia outra mesquita com o nome “Rainha Mãe”, e também por ter sido concluída depois de todas as outras grandes mesquitas ‘imperiais.

Uma curiosidade acerca da construção desta mesquita é decorrente do fato de que durante sua construção o mar estava apenas a 3 metros de distância e, por isso, sempre invadia a obra, o que exigiu inéditas técnicas de engenharia, como enviar a água do mar para fora com a ajuda de bombas. Além disso, ocorreram terremotos e incêndios durante a construção, o que estendeu por muito tempo o seu término.

A Mesquita Nova tem uma escadaria íngreme e cinco portas de entrada, uma delas aberta para o pátio central interior. Em volta desta porta há um pórtico com 24 cúpulas suportadas por 20 colunas. No centro deste pátio fica uma bonita e elegante fonte de forma octogonal. A mesquita tem dois minaretes com três varandas cada. A cúpula maior tem 36 metros de altura e 17,5 de diâmetro.

Destacam-se em seu bonito interior, os vitrais coloridos, os ajulejos de Iznik e as portas e janelas com delicados trabalhos de marchetaria com incrustações de madrepérola. Sobre as janelas estão versos do Corão.

Bazar Egípcio ou Bazar de Especiarias (Misir Çarsisi)

Bonde Eminönü

O Bazar das Especiarias está diante da Mesquita Nova, numa praça infestada de pombos,  repleta de vendedores ambulantes, e de frente para a Ponte de Gálata.

O nome Bazar Egípcio deriva de sua antiga associação com a ‘Caravana do Cairo’, uma frota de navios que, anualmente, trazia arroz, café e incenso do Egito, e sua principal fonte de recursos foi justamente a dos impostos que incidiam e eram cobrados sobre as mercadorias provenientes daquele país.  Foi construído entre 1663-1664 e tem aproximadamente 80 lojas. 

Difere bastante do Grande Bazar em tamanho e em alguns produtos que comercializa, ainda que haja algumas similaridades. Sua planta tem a forma de um ‘L’ invertido coberto por cúpulas.  Tem seis portões de entrada em diferentes direções...e gente prá todos os lados!

Vá munido de muita paciência porque está sempre lotado. Apesar do sufoco na hora das compras gostei mais dele do que do Grande Bazar, por ser menor e mais fácil de andar e se localizar, mais barato, acho que é mais autêntico e oriental, assim como seu entorno, muito mais interessante. Além disso, o exótico aroma de seus corredores, por causa das especiarias, é delicioso!

Aqui, podem-se apreciar uma infinidade de especiarias, ervas medicinais, cosméticos naturais, perfumes e essências, chás, frutos secos, mel, geléias, temperos, queijos turcos e doces típicos como o lokum. , e é legal pela variedade de produtos e pelas provinhas que os vendedores oferecem.

Também existem outras lojas, como no Grande Bazar, que vendem lembrancinhas, cerâmicas, pashiminas, e até jóias.

Vá ao Erzincanlılar (loja 2), para provar deliciosos favos de mel e o queijo curado turco . Vale a pena também conhecer a Pinar (loja 14) com seus simpáticos vendedores, e que tem um excelente lokum. Delícia!

Loja Pinar e vendedor ao lado do famoso lokum. Para vender ele arrisca um "portunhol"

E não deixe de parar na Malatya Pazarı para comprar pistache, pinhole, tâmaras enormes, nozes, amoras cobertas com mel, figos secos recheados com nozes, chás de uma infinidade de sabores, temperos e outras delícias.

Depois de perambular pelo Bazar das Especiarias, e se ainda tiver fôlego, vale pegar o bonde e seguir até a próxima estação e dar uma olhada na antiga Estação Sirkeci.

Quando ficou pronta, em 1881, era um charmoso terminal para trens vindos da Europa, inclusive o elegante Expresso do Oriente. O cartaz abaixo, que peguei no Wikipédia, dá uma idéia do glamour da época. 

A fachada que dá para as ruas está desfigurada porque a estação foi relegada a terminal de ônibus, mas a que dá para o mar mantém sua grandeza. Infelizmente passamos por lá quando já estava fechado e não pudemos ver o restaurante que continua intacto. 

Passar por essa estação de trem e imaginar o glamour da época faz sonhar com as mil viagens que ainda gostaria de fazer. Quem sabe...